Ainda vivia os bons tempos de estudante de Agronomia na UFV, em Viçosa/MG. A inquietação constante, de sempre estar procurando atividades que complementassem a formação acadêmica, me levou a conseguir um estágio no extremo norte do país, na unidade da Embrapa em Boa Vista/RR. Durante o período de um mês que lá passei, me deparei com um edital do Incra/Roraima, que visava à seleção de técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos para atuar, de forma terceirizada, nos projetos de assentamento daquele estado. Para a minha indignação, eu não poderia concorrer, pois não atendia aos critérios do referido edital, uma vez que não possuía nem o curso técnico agrícola e nem era formado ainda, apesar de estar cursando o último período da graduação. Foi a primeira janela que vi fechada para ingressar no Incra. Isso, no ano de 1998.
De outra feita, no dia em que estava na fila para receber a beca e colar grau na UFV, fui abordado pelo professor de Extensão Rural, que enxergou em mim algum talento e me ofereceu a oportunidade do primeiro emprego após a graduação, onde atuaria no Projeto Lumiar do Incra/Amazonas, mais precisamente em um assentamento no município de Presidente Figueiredo, conhecido por suas belas cachoeiras. Após aquele momento de grande realização pessoal, que foi a formatura, regressei à minha querida terra natal, Fortaleza/CE. Fui orientado a aguardar as informações sobre a admissão ao trabalho, porém ocorreram mudanças no processo seletivo, que me obrigariam a viajar ao Estado de São Paulo, para uma etapa de entrevista técnica. Naquela ocasião não foi mais possível retornar ao Sudeste e, assim, vi a segunda janela de entrada no Incra se fechar para mim, fatos estes que ocorreram no ano de 1999.
Mas a vida e as experiências profissionais me apresentaram muitas oportunidades de trabalho, ao longo dos seis anos subsequentes, todas elas ligadas a entes públicos estaduais e federais. Até que, em 2005, surgiu o edital para o concurso do Incra. Acendera minha esperança de ingressar para a autarquia de forma efetiva, como servidor estatutário, buscando a estabilidade profissional e o desempenho de atividades que me proporcionassem a satisfação de contribuir para o desenvolvimento das comunidades rurais beneficiárias da Reforma Agrária em meu próprio estado.
E assim, mesmo após duas janelas fechadas, quis o destino que o Incra/Ceará me abrisse as portas, em 2006, quando da aprovação e admissão ao concurso público, sendo desde então minha segunda casa. É nessa entidade federal, que agora completa meio século de existência, na qual tenho o privilégio de conviver com colegas e o público beneficiário, atuando dentro daquilo que acredito ser estratégico para o país e que, apesar de todos os percalços, considero ser uma das instituições mais relevantes no contexto social, econômico, espacial e ambiental desse imenso território brasileiro.
Autor: Evaldo Tavares de Souza Filho, Engenheiro Agrônomo/PFA
Unidade de Lotação: SR(02)CE – Divisão de Desenvolvimento