Meu nome é Ester Martins Ferreira Moraes. Eu tenho 48 anos e trabalho no Serviço de Desenvolvimento Humano, mais conhecido como setor de Recursos Humanos, do Incra na Paraíba, em João Pessoa. Sou natural de Boa Vista, capital de Roraima, mas vim morar em João Pessoa, há cerca de 14 anos, com meu marido, Roosevelt, e minha filha única, Jéssica, que está realizando o sonho de cursar Medicina.
Sou filha de uma família grande, com dez filhos, que vivia da agricultura e da pecuária. Eu e meus irmãos, oito deles mulheres, ajudávamos no plantio e na colheita de milho, batata-doce, banana, mamão, laranja, legumes e hortaliças, principalmente nas férias. A gente sabia tirar leite e laçar as vacas.
Meus pais, apesar da simplicidade, sempre entenderam a importância da educação e nos diziam que a gente deveria “correr atrás dos nossos sonhos” e que nunca desistíssemos de estudar. Meu pai nunca teve estudo. Ele aprendeu a ler sozinho, lendo a Bíblia dele, mas não sabia escrever. Meu pai sempre foi um homem muito inteligente. Tudo que ele plantava tinha uma produção enorme. Nossa alimentação toda vinha da agricultura e da pecuária. Tudo que a gente produzia era “do bom e do melhor”.
Era uma época muito feliz. A gente tinha uma boa alimentação e uma boa educação. E a produção da nossa família era acompanhada por servidores do Incra. Sempre que a gente recebia as visitas dos técnicos eu declarava que queria ser servidora do Incra para atender bem os agricultores. Esse era o meu sonho. Sempre que as pessoas perguntavam onde eu iria trabalhar quando fosse adulta, eu não tinha dúvidas e nem vergonha ao responder: “Eu vou trabalhar no Incra!”.
Meu primeiro emprego foi no município de Caracaraí. Em 1988, tornei-me servidora do ex-território Federal do Estado de Roraima, e, em maio de 1995, fui redistribuída para a Superintendência do Incra em Roraima. Enfim realizei meu sonho de criança.
Já em João Pessoa, em 2008, participei da equipe que realizou os trabalhos demandados pela NE-70, o que me deu a possibilidade de conhecer mais do Estado da Paraíba. E, nesse trabalho, tive a oportunidade de encontrar uma moça com uma história bem parecida com a minha. Ela fazia o curso superior de Agronomia e, assim como eu, sonhava em trabalhar no Incra. Fiquei comovida e aproveitei a coincidência do encontro para incentivá-la a seguir seus objetivos e a nunca desistir dos seus sonhos, como eu nunca desisti.
Ela me fez uma pergunta que eu jamais esquecerei: “Ester, hoje você é feliz trabalhando no Incra?” E parecia que eu estava respondendo à Ester criança e adolescente. Sem qualquer dúvida, nem vergonha, eu disse: “Sou feliz e realizada!”.