A certeza do caminho escolhido

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Nasci na capital da Paraíba, João Pessoa, mas fui criada em Piancó, pequeno município do Sertão paraibano. Quando voltei à minha cidade natal, em 1976, iniciei a trajetória no Incra. Como técnica de cadastro rural, participei de processos de vistoria para fins de desapropriação que resultaram na criação de muitos assentamentos no meu estado.

Um dos que vi nascer foi o Engenho Santana. Transformei as experiências daquela área no meu trabalho de conclusão da Graduação em Geografia, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O estudo: “Questão Agrária, luta por terra e para viver da terra: O exemplo do caso do Engenho Santana”. Aprovada com louvor, aumentei o orgulho e a gratidão a Deus pela tarefa que realizo.

Na década de 1990, integrei a equipe responsável por vistoriar o imóvel. A área, na várzea do Rio Paraíba, servia ao plantio de cana-de-açúcar para produção de aguardente. Era marcada por conflitos agrários. Os moradores cultivavam pequenas lavouras de subsistência e pagavam pelo uso da terra com seu trabalho – alguns até pagavam foro.

As condições de moradia eram precárias. Casas de taipa e palha, piso de chão batido, sem água ou instalações sanitárias. Também não havia acesso a escolas, nem cobertura de saúde. A morte do coronel dono das terras levou embora, também, a paz dos posseiros.

O imóvel foi dividido entre os herdeiros e vendido à usina Santa Helena. Os agricultores começaram a ser expulsos. Muitos deles, nunca haviam saído daquele local. Somente após a desapropriação do imóvel e a criação do assentamento, em 1996, a comunidade conheceu uma nova vida.

As famílias puderam construir casas de alvenaria e telhas, com energia elétrica. Os filhos finalmente tinham a oportunidade de estudar ali mesmo, em uma escola construída pelo município. Os agricultores passaram a cultivar feijão, batata-doce, mandioca, abacaxi, macaxeira e inhame.

Não estavam mais sozinhos. Unidos em uma associação, conseguiram financiamentos junto ao Banco do Nordeste e atendimento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater/PB). Ajudei a implantar a Sala do Cidadão na Regional da Paraíba, coordenada por mim durante seis anos. Sempre trabalhei no Setor de Cadastro.

Até hoje sou da equipe de capacitação para funcionários de prefeituras que atuam nas Unidades Municipais de Cadastro (UMCs), mantidas pelo Incra em cooperação com municípios de todas as regiões do estado. Contribuí, ainda, nos mutirões do Programa Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural (PNDTR). Emiti Certificados de Cadastro de Imóvel Rural (CCIRs).

Em todo este tempo sempre tive uma certeza: meu trabalho é importante, leva dignidade às pessoas e me realiza profissionalmente.

Kátia Maria de Azevedo Sá Leitão
Geógrafa – Incra/PB

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